A startup de geração musical Udio vai desenvolver uma plataforma de streaming baseada em inteligência artificial em parceria com a Universal Music Group (UMG), a maior gravadora do mundo. O projeto marca um dos primeiros acordos formais entre uma grande empresa de mídia e uma plataforma de IA generativa voltada à criação musical.
Origem do acordo
O lançamento da nova plataforma faz parte de um acordo judicial que encerra um processo movido pela UMG contra a Udio. A gravadora alegava que a startup havia utilizado gravações protegidas por direitos autorais para treinar seus modelos de geração de música. Os detalhes financeiros e contratuais do acordo não foram divulgados, mas a Udio poderá firmar parcerias semelhantes com outras gravadoras, segundo informações publicadas pela Billboard.
Como vai funcionar
A nova plataforma, com lançamento previso para 2026, será paga e permitirá que assinantes remixem, personalizem e combinem gravações de artistas da UMG, compartilhando as criações dentro do próprio ambiente do serviço. Entre os artistas do catálogo da gravadora estão Taylor Swift, Olivia Rodrigo, Kendrick Lamar e outros nomes de grande sucesso.
Os artistas terão controle total sobre o uso de suas músicas, podendo autorizar ou restringir aplicações como imitação de vozes, estilos musicais ou fusões entre diferentes artistas. Além disso, receberão pagamentos pelo uso de suas gravações no treinamento dos modelos e compensações adicionais pela utilização das obras em músicas geradas pela IA.
Por questões contratuais, a plataforma não permitirá o download das músicas geradas nem a distribuição delas em outros serviços de streaming. A Udio já havia interrompido temporariamente a função de download em seu serviço atual, oferecendo créditos extras como compensação. Após reclamações dos usuários, a empresa restaurou o acesso aos arquivos existentes, mas informou que manterá novos mecanismos de identificação digital (como fingerprinting) e outras medidas de controle.
Outras iniciativas no setor
A parceria entre Udio e UMG se soma a uma série de acordos entre gravadoras e empresas de IA voltados à regulamentação do uso de conteúdo protegido.
- A UMG e a Sony Music firmaram colaboração com a SoundPatrol, que desenvolveu uma tecnologia de identificação de áudio capaz de detectar obras geradas a partir de gravações originais.
- A Stability AI, criadora do gerador musical Stable Audio 2.5, também firmou parceria com a UMG para desenvolver ferramentas profissionais de produção musical baseadas em IA.
Esses movimentos ocorrem em meio a uma série de ações judiciais movidas por gravadoras contra empresas de IA. Em 2024, Sony Music, UMG, Warner Music e a Recording Industry Association of America (RIAA) processaram as startups Suno e Udio, acusando-as de usar material protegido para treinar seus modelos sem autorização.
Contexto e impacto
O avanço da IA generativa tem provocado tensões entre a indústria musical e empresas de tecnologia, principalmente em relação ao uso de obras protegidas e à remuneração de artistas. Gravadoras vêm buscando novos modelos de licenciamento para equilibrar inovação e proteção de direitos autorais.
Um levantamento da plataforma francesa Deezer mostrou que cerca de 28% das faixas reproduzidas em seu serviço foram geradas por IA. Em junho, o grupo Velvet Sundown ultrapassou 1 milhão de reproduções no Spotify com músicas criadas por meio da plataforma Suno, evidenciando o rápido crescimento desse tipo de conteúdo.
O acordo entre a Udio e a UMG representa um possível caminho de convivência entre a música tradicional e a produção automatizada por IA.
Fonte: The Batch / UMG / Udio
