O OfCom, órgão de regulação das comunicações, publicou o relatório Media Nations UK 2024 com dados da indústria do conteúdo de áudio – rádio, streaming e podcasts – no Reino Unido. As informações são mais uma referência de tendências internacionais no consumo de mídia, no caso, com as particularidades de um mercado onde a rádio pública e a rádio comercial estão dividindo quase meio a meio as horas de audiência dos ouvintes e o rádio digital já é uma realidade.
Segundo o relatório, o primeiro trimestre de 2024 apresentou o maior número de ouvintes de rádio nos últimos vinte anos, com uma média de 49,9 milhões de adultos (88,6%) ouvindo a cada semana, ultrapassando o recorde anterior de 49,7 milhões no T1 2022. Porém, em termos percentuais, o alcance tem se mantido estável, tendo diminuído apenas marginalmente desde o T1 2019 (0,8 pontos percentuais). O tempo médio de escuta também tem se mantido estável com um aumento de apenas 6 minutos em relação ao ano anterior, totalizando 20,5 horas por semana no T1 2024.
O sucesso contínuo do rádio comercial em atrair novos públicos e aumentar suas horas médias por ouvinte contribuiu para o meio alcançar estes bons indicadores de performance. Pouco mais de sete em cada dez adultos no Reino Unido sintonizam estações comerciais pelo menos uma vez por semana (70,4%) em comparação com 55,6% para estações da BBC. Em termos de horas semanais consumidas, 43,4% de toda a audiência de rádio é de estações da BBC, enquanto a rádio comercial representa 54,2%.
O rádio digital DAB permanece a plataforma mais popular para ouvir rádio, representando mais de quatro em cada dez horas da audiência (42,6%), um aumento de 2,8 pontos percentuais no último ano. Segundo o Technology Tracker 2024 da Ofcom, pouco menos de três em cada dez domicílios tinham um aparelho de rádio DAB em casa (27%) e 46% tinham um no carro, elevando a posse total por domicílio para 57%.
Em outra frente, a audiência online continua a crescer de forma constante e, no primeiro trimestre deste ano, ultrapassou o rádio tradicional AM/FM pela primeira vez, representando 28% de todas as horas de rádio ao vivo. A maior parte dessa escuta é feita por meio de smart speakers (16,6% de todas as horas de rádio ao vivo), com o restante vindo de outras fontes online incluindo navegadores e aplicativos de rádio (11,2%). Essa mudança gradual para a escuta online ocorre à medida que a adoção de dispositivos conectados aumenta e as emissoras investem para oferecer mais programas e conteúdo exclusivo para os ouvintes online e logados através de aplicativos proprietários.
Esse crescimento online ocorre principalmente às custas da escuta analógica, que diminuiu cinco pontos percentuais apenas no último ano. Até mesmo a escuta via televisores digitais (DTV), que historicamente ficou entre 4% e 5%, quase caiu pela metade nos últimos anos para apenas 2,6% das horas, afetada mais recentemente pela decisão da Bauer de remover suas estações dos serviços de satélite, cabo e TV Freeview.
Com a penetração do DAB ainda relativamente alta e as emissoras utilizando cada vez mais o DAB+ para fornecer aos ouvintes uma maior variedade de estações, será interessante ver se a participação do DAB continuará a se manter ou se a escuta online começará a invadir também as horas do DAB.
Na comparação entre fontes de conteúdo de áudio, o rádio ao vivo ainda representa a maior proporção do tempo de escuta, porém, outras fontes online continuam ganhando espaço.
A maioria (61%) do tempo gasto ouvindo áudio é dedicada ao rádio – seja o rádio ao vivo (58%) ou conteúdo de rádio sob demanda (3%) – enquanto um quinto (22%) é gasto ouvindo música por streaming. Porém, em cinco anos, a proporção de tempo de escuta dedicada ao streaming de música aumentou nove pontos percentuais enquanto a participação do rádio diminuiu 11 pontos percentuais. Vale notar que esta migração para o online acontece até mesmo para o próprio rádio onde a audiência via streaming quase dobrou, de 5% para 11%, nestes últimos cinco anos.
Este perfil de audiência muda para os mais jovens e é quase o inverso da média geral. Na faixa de 15 a 34 anos, pouco mais de um terço do tempo semanal de escuta de áudio é dedicado ao rádio (32% qualquer rádio ao vivo e 2% conteúdo de rádio sob demanda), enquanto 45% é dedicado à música por streaming. Outras formas de áudio, notavelmente sites de vídeos musicais e podcasts, representam uma maior parte do tempo de escuta desse grupo etário.
Fonte: Media Nations UK 2024, OfCom