A Slice Soda decidiu inovar. Para marcar o retorno do clássico refrigerante sabor Cherry Cola e ativar sua campanha de verão nos Estados Unidos, a marca apostou em uma ideia incomum: criar uma estação de rádio inteira – com locutores, músicas e personagens – produzida praticamente de forma integral por inteligência artificial.
Batizada de Fizz FM 106.3 MHz (o nome remete ao som que ouvimos ao abrir uma lata de refrigerante), a estação fictícia tem cara de anos 80, alma de anos 90 e cérebro de futuro. Tudo nela é propositalmente exagerado e nostálgico: jingles cativantes, trocadilhos açucarados, chamadas promocionais e até uma linha telefônica para participar de concursos. Mas o que mais chama atenção é como a IA foi usada não apenas para automatizar processos, mas para criar uma narrativa sonora coesa, divertida e totalmente inédita.
Uma rádio de IA com sotaque vintage
A proposta da Slice não era apenas fazer publicidade, mas sim entregar uma experiência de marca. Para isso, contou com a colaboração da agência BarkleyOKRP e ferramentas como Google’s AI platform, Suno (geração de músicas com IA) e outros sistemas generativos.
O resultado foi uma programação de três horas, que rodou em loop na rádio FM de Los Angeles no mês de junho, com músicas pop criadas do zero, locuções ao estilo de horário nobre e personagens como DJ Bev e Dr. Poplov – todos gerados por inteligência artificial. As vozes não são clones de humanos conhecidos, mas foram projetadas para simular o estilo de apresentadores de rádio dos anos 80, com entusiasmo de sobra e uma pitada de humor pastelão.
Música criada por IA: uma trilha feita sob medida
Além dos locutores, as próprias músicas que tocaram na Fizz FM foram compostas e interpretadas por IA. Canções como “Lipstick Stain on my Slice” (Marca de batom na minha Slice) não existem fora desse universo criado para a campanha – são obras originais, com melodias, letras e vocais que remetem a hits antigos, mas com temas absurdamente ligados ao universo do refrigerante. Uma mistura improvável, mas cuidadosamente executada.
Essa abordagem coloca o case da Fizz FM em um novo território do marketing de áudio, onde jingles publicitários se transformam em faixas completas e a identidade da marca é construída por meio de experiências sensoriais e narrativas imersivas.
IA como força criativa e não apenas produtiva
O que diferenciou essa ação de outras campanhas automatizadas é o uso da IA como força criativa. Em vez de gerar apenas variações de anúncios ou automatizar vozes, a Slice usou modelos generativos para imaginar um universo inteiro – com enredo, personagens e conteúdo original – a serviço da marca. A IA não foi aplicada apenas para economizar tempo, ela foi usada como ferramenta para moldar estilo, tom e emoção.
Além da produção do áudio, a IA foi utilizada também para criar outros elementos da campanha da Slice. Imagens dos artistas fictícios, capas dos discos, videoclipes das músicas, vídeos dos locutores e posts para redes sociais, tudo foi produzido com o apoio da IA. O vídeo a seguir mostra estes elementos e descreve os processos criativos envolvidos.
Ultrapassar a fronteira entre automação e criatividade tem ganhado espaço na publicidade e o case da Fizz FM mostra como as marcas podem explorar a tecnologia não apenas para escalar, mas para contar histórias.
O que isso representa para o futuro da mídia de áudio
Embora seja uma ação pontual, a Fizz FM antecipa tendências no uso de IA no rádio, podcasts e publicidade em áudio. Locutores sintéticos, trilhas exclusivas, programação sob demanda – tudo isso pode ser ajustado em tempo real e personalizado para públicos específicos.
Com ferramentas cada vez mais acessíveis, é provável que outros anunciantes experimentem formatos similares. O desafio, claro, será manter a originalidade e evitar que o conteúdo gerado soe genérico ou previsível – algo que a Slice conseguiu evitar justamente ao abraçar o exagero e o tom cômico da proposta.
A Fizz FM pode ser ouvida online aqui.
Fonte: Slice Soda














