O futuro do podcasting na cobertura de notícias de última hora está se delineando, como demonstram os episódios especiais lançados no fim de semana após a ação militar dos EUA no Irã. Dados da produtora britânica Goalhanger também oferecem insights sobre como os ouvintes utilizaram o áudio nesse contexto.
Logo após o bombardeio dos EUA, os podcasts “The Rest Is Politics” e “The Rest Is Politics: US” lançaram um episódio ao vivo via YouTube, alcançando mais de 1,8 milhão de visualizações, streams e downloads em menos de 24 horas. Desse total, mais de 1,1 milhão foram visualizações de vídeo e 685 mil foram reproduções em áudio sob demanda. No auge da transmissão, os dois podcasts da Goalhanger somaram mais de 50 mil espectadores simultâneos assistindo via YouTube.
O papel dos podcasts em vídeo nas salas de estar também ficou evidente. Quase um quarto das transmissões ao vivo foi assistido por meio da televisão, o que, segundo Tony Pastor, cofundador da Goalhanger, ressalta como a linha entre podcast e transmissão tradicional está se tornando cada vez mais tênue.
“Mais uma vez, vemos que, em momentos de notícias urgentes, o público recorre aos podcasts em busca de explicação e análise”, diz Pastor. “Tanto nossa edição do Reino Unido quanto a dos EUA foram ao ar logo após o bombardeio no Irã, oferecendo comentários e percepções em tempo real. O que chama atenção é a quantidade de pessoas que optou por assistir a esses episódios na TV. A linha entre podcasts e programas de televisão está se apagando – e isso está acontecendo mais rápido do que nunca.”
Durante as transmissões ao vivo, os apresentadores Rory Stewart e Alastair Campbell (The Rest Is Politics) discutiram porque os EUA entraram na guerra de Israel com o Irã, questionando se isso marcava o início de um conflito mais amplo e quais seriam as implicações para a estabilidade global. Já Katty Kay e Anthony Scaramucci (The Rest Is Politics: US) debateram o verdadeiro motivo que levou Trump a se envolver na guerra, se isso poderia rachar sua coalizão MAGA, e o que esperar a seguir.
Outros podcasters também utilizaram seus canais no YouTube para transmitir episódios ao vivo sobre o bombardeio dos EUA. Entre eles estavam o conservador The Charlie Kirk Show e o progressista MeidasTouch Podcast – oferecendo ao público perspectivas bastante distintas sobre os acontecimentos.
“Venho incentivando os podcasters a adotarem o YouTube há mais de quatro anos e a desenvolverem uma estratégia para a plataforma. Um dos grandes benefícios? A possibilidade de fazer transmissões ao vivo, alcançar além do público sob demanda e engajar os fãs em momentos históricos como este”, escreveu o consultor de podcasting John Wordock em um post no Substack.
Enquanto isso, o site The Information relata que um número crescente de podcasters está pressionando o Spotify para que traga de volta seu recurso de transmissão ao vivo. O Spotify estreou o Spotify Live em 2022, após adquirir a tecnologia em um acordo de US$ 68,8 milhões com a Betty Labs, em abril de 2021. No entanto, anunciou um ano depois o encerramento do recurso, alegando que ele não fazia mais sentido como aplicativo independente. “Acreditamos que há um futuro para interações ao vivo entre fãs e criadores dentro do ecossistema Spotify”, afirmou a empresa na época.
O Spotify não está sozinho. Outros aplicativos de áudio social, como Clubhouse e Facebook Live Audio, também perderam força nos últimos anos, já que poucos usuários demonstraram interesse em criar transmissões ao vivo no estilo rádio.
Fonte: Podcast News Daily













