O Spotify apresentou o que chamou de “resultados fortes” no terceiro trimestre, com a lucratividade atingindo níveis recordes. A plataforma adicionou 14 milhões de novos usuários ativos mensais, um aumento de 11%, totalizando 640 milhões, e 6 milhões de novos assinantes pagos, um aumento de 12%, alcançando 252 milhões. Apesar de um mercado publicitário mais fraco e o que a empresa chamou de “movimentos cambiais desfavoráveis”, a receita do terceiro trimestre cresceu 19%, atingindo US$ 4,3 bilhões em 12 meses, com margem de lucro de 31%.
O crescimento de assinantes premium e o aumento na receita média por usuário, reforçado por aumentos de preços no meio do ano, resultaram em um crescimento de 21% na receita do segmento premium. No entanto, a receita advinda de anúncios cresceu apenas 6% ano a ano devido a um ambiente desafiador para marcas e preços mais fracos em publicidade de música e podcasts, segundo o Spotify.
Para o analista de investimentos da Pivotal Research, Jeff Wlodarczak, “a velocidade de monetização do Spotify no terceiro trimestre acelerou significativamente mais rápido do que o esperado.”
Porém, Wlodarczak alerta que à medida que o Spotify “melhora dramaticamente” os lucros e a geração de fluxo de caixa livre, o maior risco é que o crescimento “possa servir como sinal para as gravadoras/artistas demandarem taxas de royalties mais altas”. Mas Wlodarczak acrescenta que “esse risco é mitigado até certo ponto pelo interesse das gravadoras em manter um Spotify relativamente forte (em comparação com os velhos tempos de domínio do iTunes da Apple).”
Fatores de crescimento: podcasting, IA, vídeo e audiobooks
Em uma apresentação para analistas e investidores, o fundador e CEO, Daniel Ek, identificou o podcasting como uma das quatro formas pelas quais o Spotify está aumentando o envolvimento dos usuários e reduzindo o cancelamento de assinaturas. As outras são IA, vídeo e audiobooks.
Ele vê a IA como “uma tecnologia transformadora que pode desbloquear novas maneiras revolucionárias de as pessoas quererem criar trilhas sonoras para suas vidas de maneiras ainda mais diversas do que no passado.”
Porém são os podcasts e os vídeos associados os maiores impulsionadores de crescimento neste momento. A plataforma registrou um crescimento significativo no consumo de podcasts em vídeo, com mais de 250 milhões de usuários consumindo esse tipo de conteúdo e a atividade de criadores aumentando mais de 50% ano a ano.
Segundo Ek, os podcasts são “um grande motor tanto para os anunciantes quanto para os consumidores”. Ele dá como exemplo a coleção de podcasts de Bill Simmons, “The Ringer” que “está indo fenomenalmente bem para nós no lado de podcasts”.
Entretanto, embora o vídeo seja central para a estratégia de crescimento do Spotify, a plataforma é ofuscada pela escala, alcance e engajamento do YouTube.
Para enfrentar este desafio, o Spotify planeja expandir sua oferta de produtos. Durante o evento Now Playing, a empresa anunciou uma série de novos recursos para podcasts em vídeo, com o objetivo de ajudar criadores a expandirem suas audiências, monetizarem seus conteúdos e melhorarem a experiência de visualização para os fãs.
A partir de janeiro, os assinantes do Spotify Premium nos EUA, Reino Unido, Canadá e Austrália terão acesso a podcasts em vídeo sem interrupções, livres de anúncios dinâmicos. Além disso, o Spotify está lançando o “Spotify Partner Program”, que oferece novas oportunidades de monetização para criadores. Por meio desse programa, criadores elegíveis poderão ganhar receita tanto com o consumo premium de vídeos por assinantes do Spotify Premium quanto com anúncios dinâmicos reproduzidos em seus episódios, dentro e fora do Spotify.
Pela nova política, a monetização dos podcasts mudará para pagar os produtores com base no tempo de visualização, em vez de impressões de anúncios. Um possível resultado dessa abordagem ao estilo do YouTube, focada no tempo de visualização, é que conteúdos tradicionalmente mais difíceis de vender anúncios (como podcasts de conversas políticas e notícias difíceis) poderão gerar lucro diretamente com o engajamento do público, em vez de depender de anúncios. (Veja mais informações sobre isto neste artigo da Bloomberg)
Além disto, o “Spotify for Podcasters” está evoluindo para o “Spotify for Creators”, para atender melhor os criadores de conteúdo em múltiplos formatos. Esta plataforma ampliada incluirá análises avançadas, ferramentas de monetização, opções personalizáveis para programas, recursos de interação entre criadores e fãs e distribuição integrada de áudio e vídeo. Uma nova experiência no aplicativo móvel também simplificará ainda mais o processo para criadores.
Por fim, o conteúdo de curta duração também ganhará um impulso com a introdução de clipes verticais de podcasts. Criadores elegíveis poderão usar esses clipes para promover seus episódios e personalizar miniaturas para representar seu conteúdo na plataforma.
Fonte: Podcast News Daily / Radio Ink