Segundo o estudo CTV Usage in Latin America 2022, da Comscore, 48% dos usuários brasileiros de internet assistem programas em smart TVs. São cerca de 63 milhões de telespectadores diante de uma TV que é também uma porta de entrada para o mundo online.
Com uma posição central em muitas residências, a TV é um dispositivo de entretenimento e informação que evoluiu da simples exibição de uns poucos canais de tv aberta para ser multifuncional e oferecer uma infinidade de conteúdos disponibilizados via internet.
Porém, uma possibilidade ainda pouco discutida é a importância da TV como dispositivo para consumo de conteúdo de áudio.
Os canais de música das TVs por assinatura foram os precursores da presença de um conteúdo centrado no áudio e por muito tempo, a única opção deste tipo nos televisores. Hoje em dia, as smart TVs são dispositivos sem qualquer limitação para a oferta e consumo de conteúdo de áudio. Existem aplicativos para ouvir serviços de streaming de músicas, livros, podcasts e, claro, rádios.
Além disto, a TV pode oferecer uma experiência enriquecida para o usuário. A mais básica seria a qualidade de áudio superior obtida a partir de algum sistema de som acessório como, por exemplo, soundbars ou caixas de sistemas surround. Na tela, imagens podem ser exibidas de forma estática ou dinâmica, acompanhando o conteúdo do áudio. O aplicativo do Spotify para smart TVs, por exemplo, mostra desde a arte do álbum até a letra da música que acompanha a reprodução de forma sincronizada. Por fim, vale lembrar que muitas smart TVs têm assistentes de voz incorporados, um recurso que pode ser utilizado (também) pelos aplicativos de conteúdo de áudio para facilitar a interação do usuário.
Não só estas possibilidades existem, como vêm sendo usadas pelos usuários. A pesquisa Share of Ear, da Edison Research, mostra que os americanos com mais de 13 anos gastam 9% de seu tempo total de consumo de conteúdo de áudio ouvindo pela televisão. Na faixa de 13 a 34 anos o percentual é ainda maior (11%), sendo 4% em TVs tradicionais e 7% em smart TVs.
Além disto, em pesquisas qualitativas, os jovens relatam que usam a TV para ouvir podcasts enquanto estudam e playlists quando se reúnem com amigos. Ou seja, há espaço tanto para o conteúdo falado como para o musical.
Se, por um lado, as smart TVs são uma opção a mais para distribuir conteúdo de áudio, de outro, há também o caso do conteúdo televisivo que é consumido como se fosse apenas áudio.
O YouTube está nesta categoria e é um concorrente de peso para os produtores de conteúdo de áudio na disputa pelo tempo do ouvinte. Música e videoclipes são escutados na plataforma sem haver necessariamente algum envolvimento do ouvinte com o vídeo.
De acordo com os dados da Share of Ear do primeiro trimestre de 2023, ouvir música no YouTube representa 14% de todo o consumo diário de áudio dos americanos com 13+ anos. E a parcela destes ouvintes que fazem isto através da TV (23%) tem também a sua relevância.
Estar presente na TV, através de algum aplicativo, significa estar mais próximo deste público que não é insignificante. É uma questão estratégica de audiência que mereceria ser avaliada.
Fonte: Edison Research, Comscore
