Em junho de 2023, o governo canadense aprovou a Lei de Notícias Online, que exige que grandes plataformas digitais, como Google e Meta, negociem e paguem por conteúdos de notícias canadenses. Enquanto o Google chegou a um acordo com o governo, a Meta, dona do Facebook e Instagram, bloqueou o acesso a notícias nessas plataformas no Canadá a partir de agosto de 2023. Isso gerou críticas tanto à Meta quanto ao governo canadense, além de uma queixa antitruste contra a empresa por parte de organizações de mídia.
A proibição de notícias pela Meta causou um impacto significativo no ecossistema de informações do Canadá, incluindo uma queda na receita e no público de veículos de notícias.
Agora, no primeiro aniversário do bloqueio, o Media Ecosystem Observatory publicou um relatório detalhando como essa mudança afetou a relação entre os canadenses, as redes sociais e o consumo de notícias. As principais conclusões do estudo são apresentadas a seguir.
Quase metade do engajamento com a mídia de notícias desapareceu
As organizações de notícias canadenses perderam 85% do seu engajamento no Facebook e Instagram. Essa perda não foi compensada por aumentos em outras plataformas de mídia social, resultando em uma queda geral de 43% no engajamento.
Quase um terço dos veículos de notícias locais estão agora inativos
A proibição remodelou o cenário da mídia no Canadá, com 212 ou aproximadamente 30% dos veículos de notícias locais no Canadá, que antes eram ativos nas redes sociais, agora inativos.
Três quartos do público canadense desconhecem a proibição
Apenas 22% dos canadenses sabem que as notícias estão proibidas no Facebook e Instagram. Mesmo entre os usuários das plataformas e aqueles que dizem obter notícias através delas, a maioria não sabe sobre a proibição.
As notícias ainda estão sendo compartilhadas no Facebook e Instagram
Apesar da proibição, o conteúdo das organizações de notícias ainda está disponível nas plataformas da Meta por meio de estratégias alternativas, como capturas de tela, com 36% dos usuários canadenses relatando ter encontrado notícias ou links para notícias no Facebook ou Instagram. Isso, possivelmente, deveria sujeitar a Meta às exigências da Lei de Notícias Online.
Menos notícias estão sendo consumidas pelos canadenses
Em geral, os canadenses estão simplesmente vendo menos notícias online – uma redução estimada de 11 milhões de visualizações por dia no Instagram e Facebook – devido à proibição. Os canadenses continuam a se informar sobre política e eventos atuais através do Facebook e Instagram, mas agora com uma perspectiva mais tendenciosa e menos factual do que antes, e muitos canadenses nem sequer percebem que essa mudança ocorreu. Eles não parecem estar buscando notícias em outros lugares.
Os veículos locais foram os que mais perderam
Antes do bloqueio, muitas organizações de notícias canadenses, especialmente os veículos de nível local, dependiam fortemente do Facebook (e, em menor grau, do Instagram) para promover seu conteúdo e manter a conexão com seus leitores. Muitas dessas organizações não possuíam perfis em outras plataformas de mídia social devido à dificuldade de estabelecer uma audiência em uma nova plataforma e aos custos elevados necessários para criar conteúdo audiovisual para grandes plataformas como YouTube e TikTok. Estes veículos locais foram os que mais perderam.
Os gráficos na figura abaixo comparam o antes e o depois do bloqueio e mostram os veículos ativos e o engajamento dos usuários nas cinco principais plataformas de mídia social usadas pelos canadenses para obter notícias (Facebook, Instagram, YouTube, TikTok e X/Twitter).
Se, por um lado, é verdade que os veículos abastecem gratuitamente as redes sociais com conteúdo jornalístico, por outro, como se pode ver, as redes retornam para eles com engajamento dos usuários.
O estudo completo pode ser baixado aqui.
Fonte: Media Ecosystem Observatory