O Spotify registrou resultados recordes no terceiro trimestre, impulsionados pelo crescimento expressivo do consumo de podcasts em vídeo e pelo fortalecimento da monetização de criadores, elementos que passaram a ocupar posição central na estratégia de longo prazo da empresa.
O co-presidente e diretor de negócios, Alex Norström, destacou em conversa com investidores que o podcasting se tornou um dos pilares do modelo multimídia do Spotify, que agora amplia seu foco para o formato audiovisual.
Segundo dados divulgados pela companhia, mais de 390 milhões de usuários assistiram a podcasts em vídeo na plataforma no terceiro trimestre, um aumento de 54% em relação ao mesmo período do ano anterior. O tempo de consumo desse tipo de conteúdo mais que dobrou no mesmo intervalo. Atualmente, o serviço abriga quase 500 mil programas em vídeo, crescimento que o Spotify atribui principalmente ao Spotify Partner Program, iniciativa que facilita a monetização de produções em áudio e vídeo.
Norström afirmou que o consumo aumentou em mais de 80% desde o lançamento do programa, e ressaltou que o objetivo é permitir que criadores ampliem suas audiências globalmente, ao mesmo tempo em que geram novas oportunidades de receita para a empresa.
Entre as iniciativas mais recentes, o Spotify anunciou uma parceria de licenciamento com a Netflix, prevista para entrar em vigor no início de 2026. O acordo prevê que podcasts em vídeo produzidos pelos estúdios Spotify Studios e The Ringer estrearão na Netflix nos Estados Unidos, com expansão internacional ao longo do ano.
O executivo explicou que a colaboração com a Netflix amplia o alcance dos criadores do Spotify e cria novas fontes de receita. “Trata-se de uma extensão natural do nosso ecossistema”, observou Norström, acrescentando que há forte interesse de criadores em usar a plataforma como centro de distribuição.
O co-presidente e diretor de produto e tecnologia, Gustav Söderström, classificou o acordo como parte da estratégia de “ubiquidade” da empresa — um movimento para tornar o conteúdo acessível em diferentes plataformas. Segundo ele, a iniciativa beneficia os podcasters, que ganham visibilidade adicional, e o próprio Spotify, que amplia suas possibilidades de monetização.
Söderström também observou que a distribuição de conteúdo em múltiplos canais costuma aumentar a descoberta e o engajamento, gerando impacto positivo sobre a audiência da própria plataforma.
Essa expansão está alinhada aos esforços do Spotify para fortalecer as ferramentas destinadas a criadores e ampliar sua base publicitária. Desde o lançamento do Spotify Ad Exchange, em abril, a participação de anunciantes cresceu 142%. Mesmo assim, o diretor financeiro Christian Luiga informou que a receita proveniente de anúncios permaneceu estável, já que a empresa ainda otimiza seu inventário de podcasts.
O executivo projetou que 2025 será um ano de transição para o segmento publicitário, com expectativa de retomada do crescimento na segunda metade de 2026. Entre as iniciativas que devem contribuir para isso estão novas parcerias programáticas com Amazon e Yahoo.
Desempenho financeiro e avanços tecnológicos
A receita total do Spotify aumentou 7%, alcançando US$ 4,56 bilhões, impulsionada principalmente pelo crescimento no número de assinantes. A receita de planos premium subiu 9%, somando US$ 4,09 bilhões, enquanto a receita baseada em anúncios caiu 6%, para US$ 477 milhões, reflexo da redução nos preços de publicidade e do ajuste no portfólio de podcasts. Mesmo assim, a empresa obteve lucro operacional de US$ 623 milhões, alta de 28% na comparação anual, e o melhor resultado trimestral de sua história.
Söderström informou ainda que a companhia já lançou mais de 30 novas funcionalidades em 2025, superando todo o volume de lançamentos de 2024. Entre as novidades estão o áudio sem perdas, ferramentas de criação de playlists, um recurso de mensagens que já ultrapassou 200 milhões de trocas, e a integração com o ChatGPT, que permite aos usuários receber recomendações personalizadas de música e podcasts dentro da plataforma de IA.
O executivo explicou que a aplicação mais ampla de inteligência artificial também está transformando o mecanismo de personalização do serviço, que passa a utilizar sistemas generativos capazes de compreender o contexto e a intenção do usuário. “Agora é possível conversar com o Spotify como se fosse uma pessoa que entende seus gostos específicos”, afirmou.
Por fim, o CEO Daniel Ek, que assumirá o cargo de presidente executivo em janeiro, destacou que a expansão multiformato da plataforma demonstra a capacidade da empresa de equilibrar inovação e rentabilidade.
“O engajamento continua a crescer em música, podcasts, vídeo e audiolivros”, afirmou Ek. “Nossa estratégia multiformato está funcionando exatamente como planejado.”
Fonte: Podcast News Daily














