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Spotify: a evolução do modelo de negócios para além da música

02/03/2025 | Audiobooks, Podcasting, Serviços de Música

Desde a sua criação, o Spotify tem sido – e continua sendo – o centro das atenções no mercado de streaming de música. Isso se deve à sua capacidade contínua de manter a liderança em participação de mercado e ao fato de ser o único grande digital service provider (DSP) global independente. Por não estar vinculado a gigantes da tecnologia, o Spotify precisa focar ainda mais na sustentabilidade comercial do que seus concorrentes. Trabalhando dentro das limitações impostas pelos detentores de direitos musicais, a empresa tem equilibrado a exploração de novas possibilidades com o lançamento de novos formatos e modelos de negócios. Dentro dessas restrições, o Spotify conseguiu promover uma quantidade impressionante de mudanças. Tantas que a plataforma agora é dramaticamente diferente daquela lançada em 2008.

As startups normalmente seguem a estratégia de um produto único e bem feito e o Spotify seguiu este caminho por muito tempo. No entanto, isto nem sempre é suficiente. À medida que o Spotify avançava para a sua abertura de capital e, posteriormente, para a vida como empresa pública, tornou-se evidente a necessidade de mudança. Os investidores queriam um caminho para a lucratividade e menos dependência do controle exercido pelos detentores de direitos musicais.

Para alcançar isso, a empresa precisou abandonar o caminho do produto único e adotar uma visão muito mais ampla e diversificada. A essência do Spotify original ainda está presente, mas a plataforma agora está se transformando em algo radicalmente diferente. Essas mudanças aconteceram gradualmente, pegando a indústria musical de surpresa. Somente ao comparar o Spotify de hoje com o passado é possível entender o que é este novo negócio e o que ele pode se tornar.

Spotify original

A primeira versão do Spotify era claramente um serviço de música, voltado para os detentores de direitos autorais. Seu modelo de licenciamento era rigidamente definido, e a personalização e curadoria eram mínimas. A plataforma servia como uma ferramenta para que os usuários encontrassem a música que já conheciam e para que os detentores de direitos recebessem pagamentos. No entanto, o modelo de custos da empresa – no qual aproximadamente 70% da receita da empresa sempre foi destinada a pagar os detentores de direitos – limitava sua capacidade de crescimento, o que desagradava os investidores. Isto levou o Spotify a buscar crescimento além da música.

Spotify atual

Nos últimos anos, o Spotify tem trabalhado para reduzir a dependência dos detentores de direitos musicais. A empresa fomentou um ecossistema que resultou em:

  • Um aumento acelerado na quantidade de músicas lançadas (mesmo que o volume tenha caído um pouco em 2024)
  • Novos formatos musicais com production music (músicas criadas especialmente para a plataforma) e artistas gerados por IA
  • Conteúdos não musicais (podcasts, audiolivros e vídeos)
  • O desenvolvimento de uma economia criativa, especialmente voltada para podcasts

Com curadoria algorítmica e hiperpersonalização, o Spotify transferiu o foco do relacionamento dos usuários, que antes era com os artistas, para a própria plataforma. Isso transformou a proposta de valor do serviço: de um local para encontrar músicas conhecidas para uma plataforma que preenche os ouvidos e os olhos dos usuários com conteúdos multimídia selecionados por algoritmos.

Além disso, novos modelos de licenciamento – como taxas diferenciadas para production music, pacotes, acordos diretos com fornecedores de áudio, conteúdos próprios e o Discovery Mode – deram ao Spotify mais controle sobre seus custos e margens de lucro. O Discovery Mode, em particular, inverteu o fluxo financeiro: se antes o Spotify era um cliente dos detentores de direitos, agora são eles que pagam à plataforma.

Spotify futuro

Mas essa transformação ainda não está completa. Para entender para onde o Spotify está indo, é preciso olhar para as novas possibilidades que seus ativos criaram.

Se assumirmos que a evolução continuará gradualmente, sem mudanças radicais, o Spotify do futuro provavelmente seguirá um caminho de maior autonomia em três frentes: experiência do usuário, estratégia de conteúdo e modelo comercial. Neste sentido, um futuro provável contemplaria:

  • Maior ênfase em conteúdos não musicais, através de programação e curadoria
  • Expansão da música “não tradicional”, incluindo production music e artistas gerados por IA – possivelmente desenvolvidos internamente, como a Tencent já faz há anos
  • Redefinição do valor percebido pelo usuário, onde o algoritmo determinará não apenas quais músicas ouvir, mas se o conteúdo mais adequado para determinado momento do dia será música ou outro formato de áudio

O Spotify começou como um serviço de música simples e elegante, ajudando a indústria fonográfica a sair da pirataria e entrar em uma era de crescimento sustentável. Tanto o Spotify quanto a indústria da música saíram ganhando. Agora, a empresa entra em uma nova fase, menos dependente da indústria da música.

Fonte: Music Industry Blog

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